Dia do Búfalo mobiliza pesquisadores, estudantes e produtores rurais em Eldorado do Sul

Dia do Búfalo - Crédito Nestor Tipa Júnior AgroEffective


 Terceira edição do evento aconteceu na Estação Experimental Agronômica da Ufrgs em parceria com a Ascribu


A produção leiteira e o manejo de búfalos foram os temas centrais do 3º Dia do Búfalo, promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) na Estação Experimental Agronômica (EEA), em Eldorado do Sul (RS), nesta sexta-feira, 25 de abril. Com apoio da Associação Gaúcha de Criadores de Búfalos (Ascribu), o evento contou com palestras, mesa redonda e visitas técnicas, reunindo pesquisadores, estudantes e produtores rurais.

O evento começou com a palestra da zootecnista e professora da Ufrgs, Caren Ghedini, que falou sobre o panorama da bubalinocultura, os principais aspectos e qualidades da carne e leite e os principais desafios da atividade. “A população mundial de búfalos é equivalente à população brasileira de bovinos, em torno de 225 milhões de cabeças”, citou, colocando que 98% da população bubalina está no continente asiático, principalmente na China, Índia e Paquistão. “O Brasil é o maior centro de criação bubalina fora da Ásia”, acrescentou.

Atualmente, segundo dados do IBGE, existem cerca de 1,5 milhão cabeças de búfalos no Brasil, “principalmente no Pará, com destaque para a Ilha de Marajó, Amazonas, Maranhão e São Paulo”, descreveu a professora. Quase 70% do rebanho bubalino se concentra na região Norte do país. Ainda, segundo o IBGE, o Rio Grande do Sul tem cerca de 50 mil cabeças de búfalos. Sobre as principais características do animal, Caren destacou a docilidade, resistência e fácil adaptabilidade em diferentes biomas. Em climas quentes, o búfalo chega a ficar de 8 a 10 horas por dia na água sendo, por isso, considerado também um animal semi aquático devido à pele escura e couro espesso que absorvem mais calor.

Na sequência, ocorreu a mesa redonda “Compartilhando Experiências com o Búfalo dentro e Fora da Universidade”, onde graduandos de Zootecnia e de Medicina Veterinária da Ufrgs compartilharam com o público projetos ligados à bubalinocultura. Depois, o vice-presidente da Ascribu, Raphael Gonçalves, elogiou o trabalho feito pela Estação Experimental Agronômica (EEA) da Ufrgs. “Sempre que temos oportunidade, citamos o excepcional trabalho da estação como referência, um trabalho de uma amplitude imensa para a bubalinocultura”, destacou. Gonçalves acrescentou que a atividade bubalina ainda tem muito a crescer no Estado e colocou a Ascribu à disposição da Ufrgs e estudantes no sentido de estreitar ainda mais a parceria, sobretudo na viabilização de estágios na área.

Após, a presidente da Ascribu, Desireé Möller, iniciou sua fala afirmando que ficou feliz com a presença significativa de estudantes, professores e produtores rurais que acompanharam o Dia do Búfalo. Desireé propôs uma dinâmica onde produtores falaram sobre as vantagens e experiências na criação bubalina. O vice-presidente da Ascribu, Raphael Gonçalves, citou a rusticidade como a principal característica do búfalo, o que o torna mais resistente a carrapatos, por exemplo. Também foi citada por produtores, entre outros temas, a necessidade de ampliar a oferta de leite de búfala e derivados, sobretudo no período fora da chamada sazonalidade.

Desireé destacou a presença de mais de 100 pessoas no evento, entre professores, estudantes e produtores rurais. “A parte teórica foi bastante interessante, vimos a quantidade de trabalhos que a universidade vem fazendo em cima dos animais que tem aqui, trabalhos de mestrado, de doutorado, trabalhos de conclusão de curso, sendo importante ressaltar também que a Ufrgs é a quarta fazenda do estado de produção de leite de búfala”, destacou. Desireé ressaltou ainda que “os laticínios estão sedentos pelo leite de búfala”. O produto tem diversas qualidades, principalmente a de ter a proteína A2A2, que não causa desconforto gástrico. Já a carne bubalina tem 12 vezes menos gordura na comparação com a carne bovina.

Na etapa seguinte ocorreu a apresentação do Tambo EEA, projeto pioneiro de sala de ordenha especializada para búfalas, desenvolvido em parceria com a Ajagro Consultoria. A iniciativa visa aprimorar a produção leiteira no rebanho da Ufrgs, que atualmente conta com 43 animais, sendo aproximadamente 20 fêmeas em lactação até julho. Na parte da tarde, após o almoço, ocorreu a “Visita Técnica: Produção e Manejo de Bubalinos na Estação Experimental Agronômica da Ufrgs” (Nutrição, Sanidade, Reprodução, Ordenha e Qualidade do Leite).

A professora da Ufrgs e médica veterinária, Amanda Motta, se disse positivamente surpresa com o número de participantes. “Essa reunião de produtores e comunidade acadêmica da Ufrgs é fundamental para o desenvolvimento da cadeia bubalina”, ressaltou. Amanda destacou também a participação de todos na parte prática à tarde, onde foram vivenciados os manejos junto ao projeto de sala de ordenha especializada para búfalas Tambo EEA.

Foto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective
Texto: Artur Chagas/AgroEffective
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