Projeto Reflora inicia atividades práticas no Pró-Mata em São Francisco de Paula

 Projeto Reflora inicia atividades práticas no Pró-Mata em São Francisco de Paula


Iniciativa reúne governo, universidades e setor privado para reflorestamento de áreas degradadas pelas enchentes de 2024

 

O treinamento prático do projeto Reflora, voltado à recuperação de áreas degradadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, teve início nesta terça-feira (19/8), na Serra Gaúcha. As atividades reuniram 16 participantes no Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata, da PUCRS, em São Francisco de Paula. Ao longo do dia, foram realizados alinhamentos teóricos, demonstrações práticas de coleta de ramos e aplicação da técnica de enxertia em plantas nativas.

A iniciativa é coordenada pelas secretarias estaduais da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), em parceria com a CMPC, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e instituições gaúchas como PUCRS, UFRGS, UFSM e Unisc.

Jackson Brilhante, coordenador do projeto pela Seapi e responsável pelo Plano ABC+ RS, destacou a relevância do treinamento. Segundo ele, dominar o processo de resgate de DNA, as técnicas de coleta, armazenamento, enxertia e manejo de mudas é essencial.

“Além de resgatar espécies florestais nativas para auxiliar na recuperação de áreas afetadas pelas enchentes, o projeto visa estabelecer áreas de produção de sementes e mudas de alta qualidade, com foco no Rio Grande do Sul, ampliando essas ofertas no Estado”, afirma.



Mais rápido no florescimento

A técnica utilizada consiste no resgate de ramos de árvores saudáveis e na enxertia — conexão de galhos de duas plantas —, que induz o florescimento precoce de novas mudas, acelerando seu crescimento em torno de 70% em comparação ao tempo natural na floresta.

Diego Balestrin, coordenador operacional do projeto Reflora, explicara que a parte prática inclui a identificação de matrizes, a coleta de ramos e o acondicionamento do material para transporte, destacando a parte experimental da iniciativa. 

“Resultados promissores no resgate de DNA e na indução da floração precoce, desenvolvidos em Brumadinho pela UFV, consolidaram-se e se expandiram para os biomas Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado. Agora estamos iniciando uma etapa crucial para a implementação do projeto Reflora”, ressalta.

Na quinta-feira (21/8), uma nova etapa do treinamento será realizada em Santa Maria.

Trabalho de campo

O processo envolve quatro etapas principais: coleta de material genético de plantas saudáveis, enxertia, florescimento e plantio das mudas. O objetivo é preservar o DNA de espécies ameaçadas de extinção e contribuir para o restabelecimento dos ecossistemas.

Das oito espécies mapeadas pela PUCRS e UFRGS no Pró-Mata, a goiabeira-serrana e o araçá tiveram material genético coletado e passaram por enxertia no treinamento.

 O professor da PUCRS Leandro Astarita afirma que a universidade foi responsável pela identificação prévia das plantas. “Estamos promovendo um treinamento para produzir mudas de alta qualidade de espécies nativas do Rio Grande do Sul. O objetivo é ampliar a variabilidade genética e fornecer mudas tanto para o reflorestamento quanto para a população local. Hoje coletamos a goiabeira-serrana, que, além da importância ambiental, tem frutos aproveitados na alimentação”.

O tempo médio para restabelecer os serviços ecossistêmicos afetados varia de 20 a 30 anos. Com o projeto Reflora, a expectativa é reduzir esse prazo para 5 a 8 anos.

Plano de ação

O Reflora prevê o plantio de mais de seis mil mudas e aproximadamente 30 espécies florestais nativas, coletadas e cultivadas a partir de técnicas de resgate genético. O trabalho compreende a coleta de DNA em campo, a condução das mudas em viveiros e o plantio nas áreas mais atingidas.

Com duração prevista de três anos, o projeto terá investimento total de R$ 5,21 milhões — sendo R$ 2,86 milhões aportados pela CMPC e R$ 2,34 milhões pela Embrapii. Os recursos serão destinados à construção de estruturas físicas, serviços de coleta, compra de insumos e concessão de bolsas de pesquisa

Texto: Elstor Hanzen/ Ascom Seapi

Fotos: Fernando Dias/ Ascom Seapi


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