Produção de ruibarbo leva agroindústria e cidade da Serra pela primeira vez à Expointer



A novidade é da Fazenda da Cria, que apresenta alimentos inéditos a partir da hortaliça no Pavilhão da Agricultura Familiar

 

A produção de alimentos derivados de ruibarbo — planta originária do norte da Europa e ainda pouco conhecida no Brasil — leva a agroindústria Fazenda da Cria e o município de São Francisco de Paula a estrearem em dose dupla na Expointer 2025, que ocorre de 30 de agosto a 7 de setembro. A família Martini Muller é responsável pela inovação e se tornou a primeira produtora em larga escala dessa hortaliça no país.

 

Geleias Ruibarbo São Chico

O cultivo começou de forma experimental há cerca de três anos, quando foram plantados os primeiros pés na área de 32 hectares. Hoje, a propriedade soma 35 mil plantas de ruibarbo, ingrediente versátil que dá origem a uma série de produtos culinários. “Nossa agroindústria oferece pães, cucas, tortas, bolachas, compotas, conservas, geleias, entre outros”, conta Isaura Martini Muller, filha de Sadi e Clarice. Gabriel, filho de Isaura, representa a terceira geração da família e é o responsável legal pela agroindústria.

 

Além de pioneira, a Fazenda da Cria é atualmente a única produtora de ruibarbo no Brasil. “Entre as geleias à base do caule da planta, destacam-se a chutney, ideal para acompanhar queijos, torradas e carnes, e a tradicional, de sabor doce”, explica Isaura.

 

Estreia em dose dupla

Até o ano passado, São Francisco de Paula, município com mais de 21 mil habitantes, não tinha representante no Pavilhão da Agricultura Familiar da Expointer. “Estive na feira em 2023 e perguntei: cadê o povo de São Chico? Tinha representantes de cidades bem menores, mas ninguém daqui”, recorda Isaura Muller.

Família Ruibarbo São Chico




 

Ela conta que já tinha a intenção de participar da edição anterior, mas acabou ficando de fora devido à enchente e à impossibilidade de concluir a formalização da agroindústria a tempo. Neste ano, quando tudo parecia encaminhado, um novo desafio surgiu. No final de julho, a um mês da feira, um temporal destelhou o prédio da agroindústria onde os produtos são preparados, gerando um prejuízo de mais de R$ 100 mil às vésperas do evento.

 

“Em meio à reconstrução, seguimos produzindo para a Expointer. Apesar de todas as dificuldades, vamos honrar nossa cidade e estrear este ano na feira”, garante Isaura.

 

Mão do Estado é fundamental

Localizada a pouco mais de 3,6 km do centro de São Francisco de Paula, a Fazenda da Cria também atua no turismo rural, conectando visitantes à lavoura e oferecendo experiências típicas da vida no campo. O empreendimento familiar começou há mais de 25 anos com o cultivo de alho-poró, então ainda pouco conhecido no Brasil.

 

A evolução da produção, agora com a introdução inédita do ruibarbo, foi possível graças ao apoio de políticas públicas de incentivo e da assistência técnica da Emater/RS-Ascar. “Acompanhamos e damos assistência em todas as etapas do empreendimento rural. Essa agroindústria é um exemplo”, destaca Sandra Loreni Almeida de Moraes Silva, extensionista rural social e chefe do escritório da Emater em São Francisco de Paula.

 

Segundo ela, a presença da agroindústria na Expointer simboliza não apenas uma conquista individual, mas também o coroamento de um trabalho de longo prazo. “Nosso papel vai muito além de prestar assistência pontual. Envolve acompanhamento técnico, orientação e, principalmente, a escuta atenta dos agricultores. Esse resultado que vemos agora é fruto de um processo contínuo, que ganha visibilidade com a inclusão na Expointer.”

 

O escritório da Emater no município atua há 53 anos e tem o objetivo principal capacitar os agricultores para que alcancem autonomia. “A meta é que, no futuro, eles não dependam mais de nossa assistência direta. A formalização dessa agroindústria, sua entrada no Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf) e a capacidade de comercializar seus produtos, inclusive na Expointer, são exemplos concretos dessa evolução”, conclui Sandra.

 

Sandra destaca que além de levar esses e outros produtos à Expointer 2025, o principal objetivo é difundir o potencial culinário do ruibarbo. “Hoje ele ainda é muito restrito à alta gastronomia e a chefs que estudaram fora do país”, observa. A planta também é amplamente utilizada para fins medicinais, por possuir efeito estimulante e digestivo, graças à sua composição rica em senosídeos, que proporcionam ação laxante.

 

Texto: Elstor Hanzen/ Ascom Seapi

Foto: Fernando Dias/ Ascom Seapi


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