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Foto: PIXABAY |
Exportações uruguaias de leite ganham força no 1º semestre, após estoques formados no 2º. Veja como essa dinâmica afeta o mercado lácteo brasileiro.As importações são tema bastante popular e recorrente no mercado lácteo brasileiro. Mesmo com crescimento expressivo da produção brasileira este ano, a balança comercial do setor está constantemente atenta aos volumes provenientes de países como Uruguai e Argentina.
Neste contexto, é importante monitorar a produção destes países, parceiros do Brasil no Mercosul para entender a pressão externa sobre o mercado interno e os possíveis impactos sobre preços e oferta.
Assim, vamos explorar neste artigo como funciona a dinâmica de exportação do Uruguai e a formação de seus estoques, elementos fundamentais para compreender o comportamento das exportações uruguaias e seus possíveis efeitos no mercado brasileiro.
Por que analisar Uruguai e Argentina ?
O Uruguai integra o Mercosul, assim como o Brasil, e por isso as importações de produtos lácteos uruguaios entram no mercado brasileiro com alíquota zero de importação. Isso garante aos países do bloco, como Uruguai e Argentina, acesso preferencial ao mercado brasileiro, em comparação a exportadores de fora do Mercosul, como Nova Zelândia e Estados Unidos, que enfrentam tarifas de importação mais elevadas (de forma geral, a alíquota de importação de fora do Mercosul é de 28%).
Como funciona a dinâmica de produção e exportações lácteas no Uruguai?
O Uruguai exporta porcentagem do volume de leite que produz e a sua pecuária leiteira é predominantemente baseada em sistemas a pasto. Por conta disso, a disponibilidade de alimento para os animais no Uruguai depende fortemente da sazonalidade e da qualidade das pastagens, que variam ao longo do ano.
Essa característica determina uma curva de produção marcadamente sazonal: a produção é menor no primeiro semestre e mais elevada no segundo semestre. No semestre, fatores como calor excessivo, menor crescimento das pastagens e o possível estresse térmico nos animais limitam significativamente o potencial produtivo. Já no 2º semestre, o pico de produção costuma ocorrer entre setembro e novembro, período em que a qualidade e a quantidade de pasto são maiores, impulsionando o volume produzido de leite.
Como funciona a curva de exportação do UY ?
Esse é o tema central desta análise: embora o Uruguai produza mais leite no segundo semestre (H2), é no primeiro semestre do ano seguinte (H1) que as exportações ganham força. Ou seja, há uma formação de estoques no segundo semestre, que sustenta o ritmo de exportações no início do ano seguinte — como demonstrado no gráfico 1 abaixo.
Gráfico 1. Evolução semestral da produção e exportação de leite no Uruguai.
Apesar de ser uma análise simples, o resultado é bastante interessante: em média, o volume exportado representa uma fatia maior da produção no primeiro semestre e uma participação menor no segundo.
Outro ponto importante é a sazonalidade da produção. Historicamente, o volume produzido no segundo semestre é, em média, 30% superior ao do primeiro semestre. No entanto, embora as exportações também cresçam nesse período, seu avanço é proporcionalmente menor. Esse descompasso sazonal entre produção e exportação faz com que o segundo semestre assuma um papel de formação de estoques. Com base nestes dados podemos inferir que existe uma dinâmica na formação de estoques e exportação no Uruguai, sendo o segundo semestre mais propenso a esse comportamento de formar estoques. Os dados indicam que o país tende a apresentar um maior apetite por exportações no primeiro semestre do ano, o que pode indicar uma maior oferta de produto uruguaio no primeiro semestre do ano que vem. (Milkpoint)
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