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Para reduzir os efeitos do estresse térmico, animais precisam de alimentação enriquecida de minerais, além de sombra e água fresca
Temperaturas acima de 32º C já começam a provocar desconforto nos animais e, no caso das vacas leiteiras, a influenciar na produção. Por isso, os criadores são orientados a proporcionar mais conforto térmico ao animal, como investir em ambientes climatizados. A alimentação também é ponto importante para reduzir o estresse térmico.
César Meinerz, produtor rural de Estrela (RS), já começou a preparar o rebanho para enfrentar o verão, porque ele sabe que a vaca com calor come menos e, consequentemente, produz menos leite. “Temos 180 vacas em lactação atualmente, com média de 37 litros por dia. Se não cuidar, elas diminuem a produção e podem até morrer”, conta Meinerz ao Agro Estadão. Além de manter as vacas confinadas em temperatura até 10º C inferior ao ambiente externo, o produtor investe em um complemento alimentar feito à base de minerais.
Misturado à ração e à silagem, o composto atua no metabolismo do animal para que ele não sinta tanto calor e, com isso, não diminua a produção de leite. “Em vez de 5, 6 ou 7 litros, a gente vê que a produção de leite diminui em 1 litro ou no máximo 1,5 litro”, conta. Uma das empresas fornecedoras desse tipo de produto é a gaúcha Mig-Plus. O composto mineral Mig Fresh auxilia na regulação da temperatura corporal, segundo Rubem Frosi, engenheiro agrônomo e gerente da empresa.
“Ele contém uma substância feita de extrato de pimenta que atua na dilatação dos vasos sanguíneos e, com isso, o calor é dissipado. Indiretamente, ao não sofrer com o calor, há uma melhora na ingestão da dieta. Ao ingerir 1 kg de matéria seca a mais, a vaca pode produzir até 2 litros de leite a mais”, explica Frosi.
Na prática, o mix mineral ajuda a manter o apetite da vaca. O engenheiro lembra ainda que o estresse térmico pode chegar a um nível que não é mais possível recuperar. “Temperatura de 30ºC e umidade de 80% já corre o risco de óbito”, alerta.
Estresse térmico reduz concentração de sólidos no leite
O estresse calórico no animal também diminui a concentração de sólidos no leite, como proteínas e lactose. De acordo com o Sindilat-RS, a situação é mais comum em animais de descendência europeia, como as raças Holandesa e Jersey, concentradas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
“No verão de 2024, chegamos a ter um pico de mais de 500 mil litros no dia que não foi possível industrializar. Isso representa 0,16% da nossa produção diária e é um número bem significativo, pois diminui a competitividade e aumenta o custo de produção”, afirma Darlan Palharini, secretário executivo do Sindilat.
O descarte acontece porque o leite produzido por vacas que sofrem com o calor perde qualidade para a produção de derivados, como manteiga. Com isso, o produto não se enquadra na legislação brasileira por não ter a concentração necessária de sólidos. Palharini explica que animais a pasto são mais afetados pelo estresse térmico, por isso, a orientação é instalar sombreiros e disponibilizar água corrente à vontade.
“Também precisamos melhorar a dieta alimentar do animal para produzir um leite mais rico em proteína e não ter esse descarte que prejudica a cadeia como um todo”, afirma, lembrando que é importante contar com o apoio de um técnico.
Atualmente, a produção leiteira do Rio Grande do Sul está em 11 milhões de litros por dia. O estado é o terceiro no ranking de produção de leite, liderado por Minas Gerais e Paraná; Santa Catarina é o quarto.
Fonte: ESTADÃO
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