No agro, ‘game’ simula até gestão de floresta

 

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Empresas e centros de pesquisa ampliam uso de soluções virtuais para treinar profissionais


A Basf e o Instituto Agronômico (IAC) desenvolveram, em parceria, um óculos de realidade virtual para treinar os funcionários da multinacional alemã sobre o uso correto de equipamentos de proteção individual. O modelo projeta um ambiente em três dimensões para simular um profissional durante o processo de ajuste dos EPIs no corpo.

Hamilton Ramos foi o pesquisador do IAC responsável por liderar o projeto. Segundo ele, um dos principais problemas do dia a dia da companhia, uma das maiores dos segmentos de defensivos agrícolas e sementes, são os protocolos para uso de equipamentos de proteção individual que protegem do risco de contaminação.

“Montar uma lista de recomendações é ruim. Então, criamos um óculos 3D que simula um avatar e um armário, bem simples. Ele te desafia a colocar os EPIs na ordem correta”, explica. Ao final do “minigame”, o operador recebe a lista de acertos e erros, qual seria a sequência correta de disposição dos equipamentos no corpo e por quê.

Iniciativas como a de Basf e IAC têm se multiplicado no agro e não se restringem a treinamentos sobre o uso de equipamentos de segurança. Para Ramos, o fator mais importante é a fixação dos ensinamentos que se consegue com os conteúdos em formato de jogos eletrônicos em lugar de conteúdos teóricos. “No agronegócio, ainda temos uma população na área rural com baixo conhecimento técnico. São pessoas que abandonam a escola cedo para trabalhar no campo. Isso dificulta o entendimento de processos ao longo da vida”, afirma.

Referência na América Latina no desenvolvimento de tecnologia de aplicação e segurança nas operações com agroquímicos, o Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico, firmou uma parceria com a Coopercitrus para levar a pequenas e médias propriedades a tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas por drones. CEA e Coopercitrus vão desenvolver um simulador de drone, a estrela do programa "Drones-SP", lançado em maio.

“Você tem uma plantação e várias configurações para diferentes estágios e pragas na lavoura. O drone executa a pulverização, e o aplicativo mostra os problemas de regulagem que você fez”, explica Ramos, que também é coordenador do projeto.

A fabricante de máquinas agrícolas John Deere também desenvolveu uma ferramenta que segue o conceito de “gamificação” — que nada mais é do que aplicar elementos de jogos em contextos fora do ambiente de jogo. Voltado ao segmento de equipamentos florestais, o “TimberSkills” é um simulador em que o operador escolhe com qual máquina vai trabalhar. O “game” dá a sensação de se estar em uma operação real. Ele ajuda a melhorar noções de distância, tempo e movimentos básicos para controlar o equipamento.

O TimberSkills funciona para todas as máquinas florestais da John Deere. Dentro do jogo, o operador cumpre tarefas e acumula pontos à medida que completa os exercícios de forma correta. No fim da simulação guiada, a ferramenta gera um relatório com os acertos e erros de quem participou da atividade, conta João Bihain, gerente de Contas Corporativas da divisão florestal da John Deere Brasil e América Latina.

O sistema permite fazer a configuração de um terreno real de trabalho, sendo possível simular um mapa e trabalhar dentro das condições de uma área específica. “O simulador não serve apenas para treinamento de iniciantes, mas para a reciclagem de operadores especializados. É uma forma de reforçar habilidades, remover vícios e atualizar novas funções e tecnologias”, afirma Bihain.

A John Deere Florestal conta com outras aplicações que utilizam realidade virtual, o que reforça o processo de “gamificação” na companhia. João Bihain relata que a empresa também tem uma linha de projetos que trabalham com óculos 3D para situações de diagnósticos e aprendizagem. “[Os games] permitem ao operador sair com uma noção real da operação de silvicultura e seja treinado em ambiente seguro, sem colocar em risco a sua saúde, o equipamento e o trabalho”, diz. (Valor Econômico)
 
 

 

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