Minhas vacas estão sadias, porque devo testar para tuberculose?

 


Doença crônica e silenciosa, a tuberculose bovina exige vigilância. Entenda os riscos e a importância da testagem periódica no controle sanitário do rebanho.


A doença com relatos mais antigos na humanidade afeta também os bovinos, em especial os que vivem em criação intensiva como na produção leiteira, e coloca em risco trabalhadores, produtores e os consumidores. A tuberculose bovina continua sendo um problema sanitário e econômico no Brasil.

Os dados sobre a ocorrência e distribuição da doença no Brasil são bastante claros quanto a sua maior prevalência nas áreas de produção leiteira, tendo maior risco as propriedades de maior produção, sem rotina de testagem no rebanho e entrada de animais sem a realização da tuberculinização. 

Como a tuberculose se manifesta nos animais
A tuberculose em humanos é caracterizada pela tosse e catarro com sangue, mas será que em bovinos também é assim? A literatura científica nos mostra que não. A tuberculose bovina se caracteriza por uma doença de evolução crônica que demora muito para ter manifestação clínica, ou seja, ter sinais clínicos nos animais doentes.

Quer ver um cenário comum? Você decide enviar alguns animais de descarte para o abate, aquelas vacas que já não estão tão produtivas. Imagina que vai receber um dinheiro pelo que o animal pesa e de repente a surpresa. Não recebe nada, pois durante o abate o frigorífico descobre lesões sugestiva de tuberculose em toda carcaça do animal.

Já passou por isso? Conhece alguém que ficou bravo com o frigorífico por conta de uma condenação? Sabe porque isso ocorre? A bactéria que causa a doença bovinos, Mycobacterium bovis, entra no organismo do animal pelas vias respiratórias ou pela ingestão de leite ou alimento contaminado e inicia uma multiplicação local e assim pode ficar por semanas, meses e até anos.

A importância da testagem
Nesse sentido, a tuberculose bovina pode ser comparada a condições crônicas em humanos, como o diabetes ou a hipertensão, que muitas vezes se desenvolvem de forma silenciosa, sem sinais aparentes por longos períodos. Mas por que essa comparação é importante? Assim como monitoramos a glicemia e a pressão arterial para cuidar da saúde e evitar complicações futuras, o monitoramento sanitário do rebanho é fundamental para prevenir e controlar doenças como a tuberculose.

Quando o animal infectado não apresenta sintomas por muito tempo, ele continua atuando como transmissor da bactéria, mesmo sem aparentar estar doente. Isso faz dele um elo invisível no ciclo da doença dentro da propriedade. Identificar e manejar precocemente esses casos é essencial para proteger o rebanho e garantir a produtividade, evitando surpresas que possam comprometer a saúde animal e os resultados da fazenda.

É melhor fazer o diagnóstico precoce, descartar um animal doente a deixar a doença se espalhar silenciosamente perder várias vacas, ou mesmo todas, por causa da doença.

Referências bibliográficas
FERREIRA NETO, J. S., SILVEIRA, G. B. DA, ROSA, B. M., GONÇALVES, V. S. P., GRISIFILHO, J. H. H., AMAKU, M., … LAGE, A. P. (2016). Avaliação de 15 anos do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose, Brasil. Semina: Ciências Agrárias, 37(5Supl2), 3385–3402. https://doi.org/10.5433/1679-0359.2016v37n5Supl2p3385

LAGE, A. P.; ROXO, E.; MÜLLER, E.; POESTER, F.; CAVALLÉRO, J. C. M.; FERREIRA NETO, J. S.; MOTA, P.M.P.C.; GONÇALVES, V.S.P. Programa nacional de controle e erradicação da brucelose e da tuberculose animal (PNCEBT). Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2006. 184p. (Manual técnico).

MEGID, J., RIBEIRO, M.G., PAES, A.C. Doenças Infecciosas em Animais de Produção e de Companhia. Editora Roca, 1ª Ed., 2016.

SKUCE, R. A.; ALLEN, A. R.; MCDOWELL, S. W. J. Herd-level risk factors for bovine tuberculosis: a literature review Herd-level risk factors for bovine tuberculosis: a literature review. Veterinary Medicine International, v. 2012, Article ID 621210, p.1-10, 2012. Available at: http://www.hindawi.com/journals/vmi/2012/621210/abs/

Postar um comentário

0 Comentários